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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Tecnologias e exercício da função autor


1 Artigo publicado nos Anais do VII Seminário Internacional de Alfabetização e Educação Científica, Ed.  UNIJUÍ, ano 2000, p.35-44. 
2 MARASCHIN, 1995. 
3 Este conceito é trabalhado pela orientanda Simone Rickes em sua dissertação de mestrado “Autoria e produção 
textual” PPGEDU/UFRGS, 1997. 
4 (Bateson, 1991) 





Cleci Maraschin 







A temática dessa conferência, revisitando os estudos feitos por ocasião de meu  doutorado2, visa propor que existem diferentes modos de exercitar aquilo que estamos  chamando de função autor3 de acordo com a ecologia cognitiva4 -predominante- na qual  estamos inseridos. 

 A função autor é aqui tomada como a possibilidade de produzir uma diferença em uma  rede de sentidos, ou seja, o autor definirá a si mesmo pela diferença que produz. Definição de  si como processualidade, não tendo um caráter definitivo, finito, mas que se relança a cada  passo. Tomada essa definição fica explícito que a função autor se constitui e se reatualiza na 
interseção dos agenciamentos sociais - que chamamos de instituições - e das tecnologias que  configuram as redes de sentido. Caberia então pensar que a possibilidade de produzir efeitos  de diferença em uma rede - função autor - também é condicionada pela ecologia cognitiva  predominante. A função autor é redesenhada, ressignificada, implicando outras formas de  agenciamento dependendo da ecologia cognitiva na qual é exercida. São essas as relações que  pretendo repensar a seguir. 

 Um novo analfabetismo e/ou um novo exercício de autoria? 

O aparecimento da escrita como tecnologia intelectual possibilitou o exercício da  função autor diferentemente da maneira como era exercida na ecologia oral. Aliado a isso,  após a institucionalização da escrita como conhecimento escolar, ela assume um valor  socialmente paradigmático, e até mesmo quem não tinha nada a ver com ela, nem mesmo  sabia de sua existência, passa a ser por ela definido como “analfabeto”, por exemplo. Os  desdobramentos tecnológicos e sociais da escrita, principalmente os advindos das tecnologias  digitais, reatualizam as condições para a emergência de novas posições subjetivas de autoria,  principalmente exercícios de autoria coletiva. 

 Assistimos à transformação social do sentido atribuído à “alfabetização” para englobar  a idéia de “letramento”, de pós-alfabetização, ou, ainda, alfabetização tecnológica. Esse 
deslocamento não significa uma simples troca de palavras, mas revela a emergência de novas  possibilidades de exercício de autoria, ou seja, uma bifurcação na possibilidade de produção  de diferenças, relacionando, de uma maneira diversa, cognição e tecnologia; modificando as  expectativas sociais de um contingente formado por esses novos leitores e escritores -  internautas, co-autores; outrossim, redefine as possibilidades sociais e cognitivas dos  chamados analfabetos funcionais, iletrados ou analfabetos tecnológicos. 

 Percorrendo a literatura, observa-se a existência de conceituações que organizam  sentidos desse deslocamento ainda no que concerne a tecnologia escrita. Alguns autores  propõem o nome de iletrismo (Foucambert, 1994), de analfabetismo secundário (Viñao, 1993), como também de analfabetismo funcional (Cook-Gumperz, 1991)5 para falar de uma  posição diferenciada em relação à escrita. Esse sintoma é observado, com perplexidade, em  lugares onde se supunha existir uma cultura letrada: em sociedades onde a escolarização 
atinge a quase totalidade da população, em grupos sociais que freqüentaram alguns anos 
escolares. A subjetividade iletrada apresenta como traços mais característicos, segundo Viñao  (1993), a dificuldade de articular um discurso, seja oral ou escrito, sério e coerente; uma  temporalidade fugaz, que se traduz em uma memória prisioneira de um tempo presente, 
imediato, sem conservação do passado ou antecipação do futuro; uma atenção muito curta e 
dispersa; a impossibilidade de dar coerência e relevância seletiva a uma sobre-informação pobre, insignificante, trivial e contraditória; a insuportabilidade do silêncio (Ong, 1987); um  consentimento não crítico aos produtos da indústria cultural, um consumismo passivo e  irreflexivo; a carência de uma metalinguagem que facilite a análise de qualquer discurso; a  predominância do imaginar sobre o pensar, um afastamento das redes sociais de escrita  (Foucambert, op.cit.). 

5 Foucambert (1994) diferencia analfabetismo funcional de iletrismo. O analfabetismo funcional, para o autor, refere-se à perda do domínio das técnicas de correspondência grafo-fonéticas, decorrente da falta de exercício  com as mesmas. Já o iletrismo se caracteriza pelo afastamento das redes de comunicação escrita, pela exclusão  do indivíduo das preocupações e respostas, contidas na elaboração da coisa escrita. 
Se, de um lado, o analfabetismo representa uma não-apropriação, um desconhecimento  do código escrito – seja devido à predominância de uma cultura oral ou à exclusão do mundo  das letras –, de outro lado, o iletrismo consiste num afastamento da prática da leitura e da  escrita, das redes sociais de escrita e, podemos agregar, o “analfabetismo tecnológico” como  significando um afastamento das redes sociais que se constituem a partir do acoplamento com  máquinas de manipulação simbólica. 

 Aliado ao debate do diagnóstico dessa nova condição quase que patológica de  exclusão das redes sócio-culturais de comunicação e informação, o cotidiano do trabalho dos  professores também os defronta com alunos com diferentes formas de interação com a  informação: se para os professores a leitura continua sendo a via privilegiada de acesso ao  conhecimento, os jovens alunos parecem insistir em habitar outra ecologia fazendo ingressar nos muros escolares toda uma sorte de aparelhagens tecnológicas (desde os já quase  desaparecidos “tamagochis” , walkman). Mesmo professores que trabalham com tecnologia  sentem necessidade de interromper o acesso à internet, por exemplo, dos laboratórios de  informática pois os alunos insistem na navegação ao invés de cumprir as tarefas propostas. A 
questão a pensar é se esta fenomenologia evidencia uma dificuldade ou mesmo, da abdicação  da função de autoria ou de um novo desenho de rede social, de diferentes modalidades de autoria. Ou seja, aquilo que podemos condenar como um acesso menos “nobre” ao  conhecimento, poderia revelar-se na emergência de um território potencializador de  criatividade, de exercício de autoria? 

 Uma primeira constatação possibilita admitir que as fontes de informação e os canais  de comunicação podem estar abertos aos sujeitos sem que seja necessário se percorrer o  caminho por etapas: primeiro o acesso ao código escrito, após os livros e finalmente às  máquinas de manipulação simbólica. Ou seja, o exercício da função autor não depende  necessariamente que o sujeito seja primeiramente alfabetizado por algum método fonológico, 
após participe ativamente das redes sociais de leitura e escrita, para, finalmente, publicar sua  própria página na internet. O que pode parecer um contra-senso tem sido observado em  estudos feitos em países subdesenvolvidos, citados por Graff, (1995), tal como em  Bangladesh, onde 48% dos analfabetos compram jornais que são lidos para eles, enquanto que  os alfabetizados não praticam a leitura com uma significativa extensão. Assim, alfabetização,  letramento e alfabetização tecnológica podem ser relativamente independentes. Ou melhor,  um sujeito alfabetizado pode posicionar-se em relação ao objeto escrito de uma maneira iletrada, assim como um sujeito letrado pode não exercer a função autor nas redes telemáticas  de informação e comunicação . 

 Em trabalho anterior (Maraschin, 1995) defendi a idéia de que a alfabetização- fonocêntrica escolar não se constituiria, necessariamente, em um etapa prévia do letramento,  idéia essa que se opõe a um pensamento corrente no âmbito escolar de que a alfabetização  estaria para a infância assim como o letramento para a idade adulta. Nesse caso, mesmo  escolares que obtenham sucesso na alfabetização, não estariam imunes ao iletrismo. Ao  contrário do esperado, a alfabetização escolar não implicaria, necessariamente, o letramento,  sendo, portanto, falsa uma correspondência direta entre alfabetização e letramento. O que  cabe agora apontar é se essa mesma relação pode ser pensada com referência à denominada  alfabetização tecnológica.

6 Já possuímos alguns resultados de pesquisas que indicam que se pode fazer essa suposição. Tanto em minha  dissertação de mestrado (Maraschin, 1987) quanto em experiências de oficinas de programação para crianças e 
adolescentes com diferentes condições de aprendizagem (Maraschin, 1993) pude comprovar que crianças não  alfabetizadas (seja pré-escolares ou repetentes) se alfabetizavam em interação com a Linguagem Logo de programação. 

 Ecologia cognitiva e exercício da função autor 



 A definição adotada de função autor implica a inclusão sócio/cultural; ou seja, a pertença ativa, propositiva, nas redes sócio/culturais. Também está em jogo um deixar-se capturar pelas redes de significações que deixam marcas específicas e abrem condições singulares para quem delas participa; a assunção de uma posição subjetiva proativa e  diferenciada dentro da ecologia cognitiva predominante. A rede sócio-cultural é conceituada  como uma ecologia cognitiva já que comporta as interações entre sujeitos, instituições e  técnicas. A ecologia cognitiva constitui um espaço de agenciamentos, de pautas interativas, de 
relações constitutivas, no qual se definem e redefinem as possibilidades cognitivas  individuais, institucionais e técnicas. É nesse espaço de agenciamentos que são conservadas  ou geradas modalidades de conhecer, formas de pensar, tecnologias e modos institucionais de  conhecimento. Um dos definidores de uma ecologia cognitiva consiste nas vias  informacionais aí privilegiadas. Vias que não somente suportam, possibilitam, mas que 
também constituem, constróem as trocas informacionais, configuram redes iterativas e  definem as lógicas e práticas do conhecer. A via é um sistema heterogêneo e aberto,  constituída tanto por redes neurais, quanto pelas tecnologias, pelas instituições, como também 
pelos sistemas simbólicos. 

 As redes sócio-culturais não são somente constituídas por sujeitos humanos. Para além  dos sujeitos e de suas ações, as técnicas de comunicação e de processamento e  amarzenamento de informação desempenham, nelas, um papel constitutivo. De acordo  com Lévy (1993), as tecnologias se transformam em tecnologias da inteligência, ao se  construírem como ferramentas que auxiliam e configuram o pensamento. Ao mesmo tempo,  tornam-se metáforas, servindo como instrumentos do raciocínio, que ampliam e transformam  as maneiras precedentes de pensar. Mas a partir de que formas operativas as tecnologias  intelectuais transformam e reconstituem a ecologia cognitiva? As tecnologias intelectuais 
desfazem e refazem as ecologias cognitivas, contribuindo para fazer derivar as fundações 
culturais que comandam a apreensão do real. Mas essa relação não pode ser pensada como 
determinista: a técnica inclina, pesa, pode mesmo interditar. Mas não dita. (Lévy, op. cit. p. 
186). As tecnologias agem na ecologia cognitiva sob duas formas: (a) transformam a  configuração da rede social de significação, cimentando novos agenciamentos, possibilitando 
novas pautas interativas de representação e de leitura do mundo; (b) permitem construções  novas, constituindo-se em fonte de metáforas e analogias. 

 A palavra oral, a escrita, o mundo virtual são exemplos de tecnologias intelectuais: são 
práticas sociais, na medida em que criam signos, possibilitam ou limitam modos de expressão 
e intercâmbio, pautam as interações, constróem universos de sentido. Cada nova tecnologia 
constrói um mundo de novas relações sígnicas, cada sistema semiótico abre novos caminhos 
para o pensamento – um mundo, não só concreto, mas também mental, conceitual, implicando  modos diferenciados de exercício da função autor. 

Função autor e ecologia oral 


Podemos dizer que as redes sócio-culturais estruturadas a partir de uma ecologia  cognitiva oral, constróem vias informacionais que acoplam a estrutura biológica (sistema  nervoso, cérebro, sistema auditivo, fonador) e a linguagem resultante de uma organização  processual histórica/coletiva de combinações, articulação de sons e de produção de sentidos. 
As redes sócio-culturais se conservam fundamentalmente pela capacidade de lembrar e de  memorizar de seus membros. A memorização das idéias produzidas oralmente privilegia a  audição como sentido e como fonte de conhecimento. A dificuldade de guardar os sons fez  com que fossem constituídas algumas técnicas -no sentido de tecnologias- e procedimentos  que ajudassem a memorização, e consequentemente a lembrança, pela retomada de sua  enunciação. Basicamente, pode-se pressupor que a cultura oral consiga manter uma certa  estabilidade através da repetição cíclica dos conhecimentos, ou saberes, os quais julga ser  necessário perpetuar. Mas os conhecimentos e saberes interessantes não são repetidos de  qualquer forma, eles se estruturam em modos variados, tais como as lendas, os mitos, os  contos, as canções, os provérbios, os clichês, etc. 

Mas como se pensa uma autoria em uma ecologia onde existe a necessidade da  repetição cíclica dos conhecimentos e saberes? Como os contadores de história ou os  narradores de uma cultura oral poderiam exercer a função autor? Como produzir diferenças na  repetição? Alguns pesquisadores de culturas orais (Ong, 1987; Goody, 1993) mostram que os contadores de histórias recorriam a um padrão temático ou formulário como uma estratégia 
mneumônica para criar uma estrutura episódica. Estudos feitos por Parry, citados por Ong  (op. cit.) a respeitos dos primeiros textos escritos, que ainda mantinham uma estrutura oral, 
permitem revelar algumas características do modo de relacionar as idéias num mundo oral. 
Por exemplo, os versos da Ilíada e Odisséia mostram mais uma estruturação por meio de  fórmulas do que por meio de palavras. As fórmulas usam referências de todo genéricas, como  frases ou expressões típicas, repetidas mais ou menos exatamente (como provérbios), em  versos ou em prosa. O que os contadores de história lembram, não são as palavras, uma a 
uma, mas sim as fórmulas: a fórmula da batalha, a do herói, a da princesa, etc. Esta tecnologia  de lembrança institui um pensamento formulário e “formulaico”, que em uma ecologia  cognitiva oral tem uma função inegavelmente mais decisiva e penetrante que qualquer que  seja a função que possa desempenhar em uma cultura que conheça a escrita, a imprensa ou a  informática. 

 A autoria dos contadores de história ocorre justamente no rearranjo das fórmulas, na  sua articulação com o contexto da experiência dos ouvintes, bem como na captação do estado  emocional da audiência. Assim a repetição, ou os ciclos, sofrem transformações, o que  implica uma conservação parcial das informações: “as genealogias dos vencedores tendem a 
sobreviver (e a ser melhoradas); as dos derrotados podem desaparecer (ou recebem outro  tratamento)" (Ong, op. cit., p. 71). O fato de situar-se na posição de quem conta a história  marca o acesso a um lugar subjetivo específico que configura novas modalidades de relação 
tanto com o outro – semelhantes quanto ao que é contado. Abrindo aí possibilidades de produção de uma diferença. 

  Função autor e ecologia escrita 


 Em uma ecologia escrita, a estrutura física das vias informacionais é composta pelo  acoplamento dos sistemas biológicos com ferramentas tecnológicas - pedras, pergaminhos,  tintas, lápis, papel, tipos, máquinas. As redes sócio-cognitivas assim constituídas inauguram  uma situação prática de comunicação e interação radicalmente nova: os discursos podem ser 
separados das circunstâncias particulares em que foram produzidos. O que cria condições de 
agenciamentos não mais sincronizados no espaço e no tempo. Desde seu surgimento, a escrita  influenciou a oralidade, não no sentido de seu recrudescimento, nem de sua representação,  mas sim na possibilidade de sua tematização, conferindo-lhe visibilidade ao ser impressa em  diversos suportes. 

 A possibilidade de exercício de autoria nessas redes pressupõe maiores investimentos  subjetivos e sociais, nem sempre exitosos, no sentido de propiciar uma inserção ativa/autoral 
nas redes sócio-culturais escritas. A escola, principal agente institucional formal, não tem  garantido essa ampla inserção. 

 A hipótese principal, da tese mencionada7, propõe que a escola constrói o que se  poderia chamar de uma ecologia cognitiva da escrita escolar que se caracteriza  fundamentalmente por conservar a alfabetização como uma metáfora da oralidade,  potencializando uma descontinuidade entre alfabetização e letramento. A institucionalização  social da alfabetização como uma prática quase exclusivamente escolar construiu um conjunto  de sentidos cristalizados, análogos a algumas características cognitivas privilegiadas em  culturas fundamentalmente orais: a ênfase na memorização, nos exercícios repetitivos, nas  fórmulas mnemônicas, na seqüência e hierarquização dos conteúdos, etc. Para exemplificar  esta relação, pode-se fazer uma analogia dessas características cognitivas da oralidade com 
situações escolares. Comparemos uma passagem, retirada de uma conversa entre uma  professora e um escolar de Primeira Série, com a citação de Viñao (1993): 




Numa sociedade oral primária, quase 
todo o edifício cultural está fundado 
sobre as lembranças dos indivíduos. A 
inteligência, nestas sociedades, 
encontra-se muitas vezes identificada 
com a memória, sobretudo com a 
auditiva (Viñao, op. cit., p. 77, grifo 
meu). 







 Por que na escola desaparecem as palavras “escrita” e “escritor”, sendo estas 
substituídas por “alfabetização” e “alfabetizando”? Por que se relaciona imediatamente escrita 


com escolarização, escrita com produção fonética, escrita como condição de aprendizagem, 
escrita como prognóstico, escrita como habilidade? O fonocentrismo seria a principal 
característica da ecologia cognitiva escolar da escrita: o fonocentrismo se materializa, na 
escola, pela ênfase nos aspectos orais da escrita, pela centralização da informação na pessoa 
do professor, pelos métodos que se fundam na fonetização, pela prevalência da escrita 
alfabética, pela memorização de listas de palavras iniciadas pela mesma letra, pela recitação 
das famílias silábicas e pelo ditado como principal modalidade avaliativa; enfim, por todas as 
técnicas e exercícios que levaram a conceituar a escrita como uma transposição da fala. A 
própria escrita numérica tem sido pensada, nesta ecologia, como uma decorrência da 
aprendizagem da escrita alfabética, o que produz uma conceituação restritiva da escrita 
numérica – apenas como representação da cardinalidade de uma coleção ou de um conjunto – 
sem levar em conta a representação do sistema posicional. 

Se nas primeiras séries escolares o exercício da função autor se encontra limitado, 
conforme explicitado anteriormente, é interessante pensar como se produz em outros 
momentos da vida escolar. Um estudo interessante neste sentido foi desenvolvido por 
Rickes(1997)8 no qual a autora fornece um modelo de autoria de textos cujo objeto de 
tematização é a experiência clínica de estagiários, acadêmicos do curso de Psicologia. A 
autora denomina de “espaço de construção da escrita” o espaço de elaboração de um texto, 
que é composto pela presença de alguns elementos que possibilitam que um autor tome forma. 
O espaço, que engendra a constituição da autoria, possui o sentido de um lugar virtual, “algo 
que ainda não se encontra atualizado, mas que, através de algumas operações, poderá se 
inscrever, constituindo-se no berço que sustentará a escrita”. (p.138) 

8 A pesquisa foi realizada com alunos do curso de graduação em psicologia que realizaram estágio de psicologia 
clínica na Clinica de Atendimento Psicológico da UFRGS. 

Ao examinar a situação de produção desse tipo de texto, aponta três elementos que se 
fazem presentes de imediato: o sujeito empírico, aquele que escreve; o leitor empírico, aquele 
que nomeadamente lerá o texto; e o fato empírico, aquele sobre o qual se debruçará o escrito. 
São, portanto, três elementos substancialmente localizáveis, especialmente os dois primeiros. 
Porém, não serão exatamente eles que interagirão na construção do escrito, embora suas 
presenças sejam fundamentais. O escritor empírico, o leitor empírico e o fato são categorias 
que só adquirem operatividade na medida em que podem subjetivar-se através de operações 
de transformação adentrando um espaço - subjetivo - onde se estabelecerão as relações 
necessárias à construção de um texto por um sujeito autor. 

Segundo a autora, o tema da escrita (que no caso pesquisado versava sobre a 
experiência clínica) para adentrar ao espaço de construção do texto sofre operações 
diferenciadas. Do ponto de vista cognitivo, “ tomar um fato como objeto de reflexão em um 
texto implica incidir sobre ele uma operação que o lance a um outro patamar em que é 
possível estabelecer outras operatividades sobre o mesmo, o que exige uma reconstrução do 
próprio fato-objeto – agora descolado de sua realidade empírica – assim como do sujeito em 
questão, de onde se infere pela presença do mecanismo de abstração reflexionante”. (p.140) 

Por sua vez, do ponto de vista subjetivo é necessário fazer incidir sobre o fato 
empírico uma operação de subjetivação, tomando-o como parte de algo em que o sujeito 
esteja implicado e que tenha a ver com sua história. O sujeito deve investir no fato, situando-o 
como algo que implique seu desejo. 

O sujeito que escreve não o faz como um autor empírico, mas como um sujeito do 
desejo. Segundo a autora, “ele mostra sua multiplicidade, sua não-substancialidade, quando se 
situa em distintos lugares para falar, o que no texto se faz ver, por exemplo, pelo fato de 
lançar mão de diferentes modos de conjugação do verbo, falando em um mesmo texto na 
primeira e terceira pessoas do singular e na primeira pessoa do plural” (p.142). 

Ao mesmo tempo, quando o sujeito se coloca como autor institui, no mesmo ato, o 


leitor. Segundo a autora “a constituição desse lugar de endereçamento do texto é suportada, 
por um lado, pela transferência que se tem com quem serão os leitores do texto, no que isso 
implica uma suposição de saber a esses leitores, bem como um lugar que se faz encarnar, 
lugar esse em íntima relação com experiências por si anteriormente vividas; por outro lado, 
ela tem como suporte uma operação cognitiva de descentramento do ponto de vista que 
permite ao autor tomar-se no lugar do leitor, concebendo-se como leitor do próprio texto, 
para, desde aí, supor estratégias textuais que contribuam no sentido de que seu texto encontre 
a interpretação que lhe desejaria, bem como, ainda do lado do cognitivo, a colocação em cena 
de algo do processo de abstração reflexionante que permite lançar esse lugar de leitura a um 
outro patamar que não o do leitor empírico ” (p.143). 

“Temos, então, que o sujeito, o leitor e o fato empírico, bem como as referências 
bibliográficas, que ingressam num campo virtual de construção do texto através de operações 
que levam em conta, principalmente, do lado do sujeito do desejo, a transferência, e do lado 
do sujeito cognitivo, o processo de abstração reflexionante e o descentramento” (p.146). 

Estes elementos constituem um modelo básico desde onde se pode pensar a autoria. 
No entanto, Rickes acrescenta outros elementos que individualizam ainda mais o processo de 
elaboração da escrita, nesse caso, a escrita da experiência clínica. Tais elementos, a saber, “a 
modulação do tempo, os rituais, a efetivação de uma superfície de outros textos e o suporte 
tecnológico a que se teve acesso para a escrita, habitam de forma nômade o espaço virtual de 
elaboração do texto e de construção da autoria, tendo nesse espaço uma função constitutiva” 
(p.150). 

 Se os dados desse estudo indicam as operações realizadas por um sujeito quando se 
constitui como autor de um texto escrito, cabe perguntar como potencializar o exercício da 
autoria no plano escolar, em seus primeiros anos? A desfonetização da escrita não consiste na 
substituição de metodologias de ensino fonéticas, por outras não fonéticas. Implica mudanças 
muito mais ecológicas que metodológicas. Cada vez mais, os professores tomam consciência 
de que não existem métodos milagrosos, capazes de implantar mecanismos cognitivos em 
alguém que não participa/interage em uma ecologia letrada. Existem grandes debates e 
projetos educacionais em torno de um lema: “a motivação para a leitura”. Mas pergunto: se 
boa parcela dos professores e das professoras de escolas públicas brasileiras são a própria 
imagem da exclusão social das redes de escrita e de leitura (e não só dessas)9, então, como 
esperar que “motivem” seus alunos à prática da leitura e da escrita? . O que permite a uma 
criança que fale é o enlace que o adulto faz dela no universo das palavras, e ele só pode fazer 
isso se tiver sido também aí enlaçado. É como se a criança precisasse ficar imersa nas letras, 
acompanhada por adultos, também imersos, mas que por sua condição de adultos portam as 
bússolas de seus desejos a partir das quais as crianças podem antecipar um norte para seus 
percursos. Uma mudança ecológica reconfigura a própria forma pela qual os professores e 
professoras são sujeitos da escrita ou a ela se assujeitam. Para além de meros administradores 
de técnicas e de métodos de alfabetização, necessitariam sujeitar-se no mesmo estatuto de 
leitor e de escritor que pretendem para seus alunos. 

9 – – Smolka (1988) detectou a posição de iletrismo entre professores de escolas municipais, no interior do 
Estado de São Paulo: “A professora não consegue aprender e representar a escrita como um objeto de estudo e de 
conhecimento, nem consegue usá-la como mediadora ou instauradora de conhecimentos. (...) A escrita na escola 
não serve para coisa alguma, senão para ela mesma”(p. 36/37). 

 Uma mudança ecológica permite a constituição de novas possibilidades de 
subjetivação cognitiva, um reposicionamento profissional por parte dos educadores e a 
construção de novos paradigmas de pesquisa. 

 No plano psicológico, para além de um sujeito decifrador ou codificador, pode-se 
pensar no membro de uma comunidade de pensamento – alguém que pode significar-se como 


participante de uma rede comunicativa escrita bem mais ampla do que aquela partilhada em 
seu cotidiano espaço-temporal, possibilitando, assim, sua inserção em outra dimensão da 
experiência simbólica humana 

 A desfonetização do ato de escrever reconfigura o significado da escrita e da leitura 
como tecnologias intelectuais, para além de meras representações de idéias faladas e, após, 
representadas por escrito. Ler e escrever são modos de construir idéias. A escrita é uma 
atividade construtiva; não se escreve ou não se descreve algo antes do próprio trabalho da 
escrita. A criação de um texto e a inserção no mundo da escrita ou nas redes de escrita podem 
ser expressas através de um novo verbo: “intertextuar”10 Escrever significa “intertextuar”, na 
medida em que um texto (e aqui estendemos a significação do dicionário) se constitui pelo 
atravessamento de vários textos, estando o autor consciente ou não. Algumas vezes 
conseguimos render o tributo da autoria, personalizando as citações, mas a maioria de nossa 
escrita se processa com tamanha intertextualidade que parece impossível identificar a autoria 
de todas as idéias. Há sempre uma cota de “plágio” na medida em que Outro fala em nós. 
Intertextuar significa experimentar uma nova posição subjetiva frente à escrita. A 
aventura de poder incursionar em diferentes territórios de conhecimentos e deles importar, e 
contrabandear idéias, só é possível em uma ecologia suportada pela escrita. A riqueza desta 
posição subjetiva está justamente na riqueza da própria intertextualidade: a flexibilidade no 
arranjo de uma rede conceitual própria, através da interação com diferentes textos, diferentes 
categorias e diferentes “escolas de pensamento”. Ler um texto, na perspectiva de inserção em 
uma rede intertextual, não significa somente entender o sentido que o autor quis transmitir, 
mas sim inserir este sentido dentro da historicidade das idéias, descobrindo as filiações 
conceituais do autor, suas fontes de inspiração, a quem se endereça, a quem combate, o que 
oculta ao escrever, etc. Escrever é, de alguma forma, inserir-se nessa rede intertextual, 
posicionar-se como sujeito do conhecimento. 

10 – A origem do novo verbo provém dos substantivos intertextualidade e intertexto. Segundo o Dicionário 
Aurélio, intertextualidade teria como sentido: “1. Superposição de um texto a outro. 2. Na elaboração dum texto 
literário, a absorção e a transformação de uma multiplicidade de outros textos.” 





Mundos virtuais e o exercício de uma autoria coletiva 

 A capacidade codificadora e decodificadora, definida como alfabetização escolar, que 
possibilita uma ajuda à memória, o acesso à informação cotidiana, desempenhou, desde a 
época do início da universalização da escola, até bem recentemente, uma importante função 
na sociedade. Isso se manteve, por um lado, pela crescente industrialização, que demandava 
operários com alguns rudimentos de leitura e escrita mas, acima de tudo, operários 
disciplinados (Enguita, 1989), o que era garantido pela própria processualidade da 
alfabetização escolar (Cook-Gumperz, op. cit.). Por outro lado, a alfabetização se conservou 
socialmente valorizada, pelo fato de não existirem vias massificadas e alternativas de acesso à 
informação além da oral e da escrita. As novas tecnologias da comunicação e das informação, 
desde o aparecimento da imprensa e, mais recentemente, do rádio e das máquinas de 
processamento simbólico, vêm alterando esse estado de coisas, ao constituir modos 
diferenciados de acesso à informação e à comunicação, principalmente àquela mais cotidiana. 
Esses modos diferenciados de acesso põem em questão esse sentido estrito de alfabetização. 

 A influência dos meios de comunicação de massas e gradativa presença das máquinas 
de manipulação simbólica, em nosso cotidiano, permitem apontar a constituição de uma nova 
ecologia cognitiva. A estrutura da via informacional passa a conter acoplamentos com 
sistemas de armazenamento e de tratamento da informação que ampliam as possibilidades dos 


registros anteriores. As interações midiáticas possibilitam trocas à distância em tempo real, 
propiciando o desenho de novas comunidades de interação (listas de discussão, chats, 
trabalhos cooperativos, co-autoria para além da intertextualidade de uma ecologia escrita). As 
transformações simbólicas propiciam a emergência de novas formas lógicas de raciocínio, tais 
como as simulações, a lógica fractal, a realidade virtual que pode nos fazer co-autores de 
mundos, sensações e não somente de idéias ou de pensamentos. 

 Cabe pensar a reconfiguração do exercício de autoria nesta ecologia. Don (1990) 
aponta que pode ser interessante estabelecer uma espécie de relação entre o contador de 
histórias de uma ecologia oral e um designer multimídia. A narrativa oral inclui a história 
contada -conteúdo- e as condições dessa exposição - estrutura e contexto. Assim como o 
contador que pode utilizar-se de vários modos de representação (inclusão de figuras, canções, 
versos) um designer multimídia pode incluir múltiplos recursos para compor suas páginas, 
tendo que trabalhar conjuntamente o conteúdo e a representação das estruturas de conteúdo, 
tal como o narrador oral. 

 Mas acredito que o terreno mais fecundo e diferenciado de exercício de função da 
autoria se dê justamente na possibilidade de uma autoria coletiva ou a co-autoria de textos, 
ambientes, conhecimentos11. 

11 A autoria coletiva nos mundos virtuais é o tema da orientada de mestrado Nílcia Mazzochi, 2000. 

 A possibilidade de constituição de ambientes interativos ricos em experiências de 
autoria coletiva foi constatada a respeito de grupos de aprendizagem onde a interação se 
sustentou por meio de correio eletrônico (Axt e Maraschin, 1999). Os resultados 
possibilitaram evidenciar que na constituição de uma rede coletiva hipertextual, no espaço 
virtual de uma lista de discussão, cada sujeito poderia ser considerado uma referência 
instituinte deste espaço, ou seja, assumindo uma função de autoria a qual vai se desenhando 
através dos textos produzidos. Estes textos constituem-se na forma de rede, interseccionando 
entre si, na medida em que cada um remete, não apenas a um outro, mas a inúmeros outros, 
num movimento aparentemente caótico porque simplesmente imprevisível. Diz-se que estes 
movimentos que constróem textos são imprevisíveis, uma vez que as posições ocupadas pelos 
sujeitos na assunção da função de autoria são as mais diversas, impossíveis de serem 
determinadas, estando na dependência de inúmeros fatores, entre os quais poder-se-iam referir 
as vivências dos sujeitos contingentes e particulares conduzidos a essas posições. Mas além 
disso, pode-se dizer que estas posições de sujeito visibilizadas na função de autor são 
também, em si, extremamente complexas, podendo ser pensadas, elas próprias, como devires 
atualizáveis na forma de um nó rizomático, sempre de novo atravessadas por diversos fios de 
sentidos. Em decorrência, diferentes posições de sujeito na assunção da autoria de 
pensamento predispõem a trajetórias diferenciadas no interior do espaço virtual de um 
hipertexto coletivo. 

Apesar da participação escrita de cada sujeito ter sempre sua origem em posições de 
autoria contingente particular, a escrita encontra-se reconfigurada a um complexo já 
organizado como um sistema sócio-cognitivo que se organiza na própria intertextualidade. 
Estes complexos organizacionais sócio-cognitivos, na medida em que constituem parte de 
novos campos de subjetividade recortados segundo novos limites, estariam sujeitos a 
instabilidades geradas pelos deslocamentos de sentidos na rede intertextual geradas pelas 
transformações do próprio campo. Seria justamente este esforço reflexivo compensatório que 
se apresentaria, simultânea e solidariamente, criativo e construtivo na invenção/produção de 
novos possíveis caminhos, capazes de estabelecer a interlocução no plano sócio-cognitivo. 
Diríamos que se instituem, neste campo de construção coletiva de conhecimentos, recortado 
pela interação telemática, processos formativos que se atualizam através dos participantes, 
sujeitos particulares e contingentes promovendo sua participação ativa (no sentido da autoria) 
nessas novas redes sócio-culturais do conhecimento. 


 Experiências de autoria coletiva podem ser observadas em alguns sites, tanto inseridas 
como propostas interativas dentro de cursos, quanto em experiências mais pontuais de escrita 
coletiva. Tais como em Nevado, R (http://www.psico.ufrgs.br/mec/nte2); e Primo, Alex 
(http://hipertramas.cjb.net/). 

 Existem outros modos interessantes de exercício de autoria coletiva no qual os 
participantes de um mundo virtual se sentem co-autores de episódios que envolvem, além das 
idéias, experiências sensório-motoras: onde a ação de um participante interfere nas condições 
da experiência coletiva produzindo efeitos no próprio ambiente como também nos próprios 
pontos de vistas. Kac, E. (http://www.ecak.org). Em ambientes virtuais a experimentação se 
dá em termos sensórios e em muitos casos motores (com o uso de luvas, capacete, etc). 
Quando o navegador pode alterar elementos deste mundo ele pode provocar diferenças nos 
objetos e no próprio espaço virtual, que propiciem novas experimentações a futuros visitantes. 
Desta forma poderia se falar em autoria, na medida em que uma diferença foi produzida e 
novas possibilidades serão vivenciadas -corporalmente- a partir de então. Em realidade, 
estamos nos primeiros passos dessas novas possibilidades de autoria coletiva. Acredito que 
para além do debate de como ficam os direitos autorais, deveríamos mergulhar na criação e 
experimentação disto que poderia acarretar interessantes efeitos de autoria ao se experimentar  a co-dependência de mundos a partir da afetação do outro, do diferente. 


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VIÑAO, Antonio Frago. Alfabetização na sociedade e na história. Vozes, palavras e 
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